É uma sexta-feira, e me falaram que a lua estaria bonita hoje, porém não a encontrei pelo céu, não sei se culpo as nuvens ou a localização onde estou, não sei, mas resolvi abrir uma cerveja, sobraram apenas 2 do Réveillon, mas essa que abri me fez lembrar de uma música, aquela da banda Matanza, "estamos todos bêbados", e adoro ouvir o Duh Rock toca-la no violão.
É, uma vez teve o show da banda Matanza em Sorocaba, lá no antigo bar e boliche Pirilampus, esse lugar não existe mais, aliás, aos poucos casas de rock e afins deixam de existir, umas morrem e outras nascem, outras ressurgem do nada, esse é o cenário do rock, sempre vai depender de alguém que faça algo. Enfim, Matanza não é o tipo de banda que eu goste mais, o estilo musical até me agrada, porém os ideais da banda pra mim não da mais, não compactuo com machismo, naquela época não via o mundo como vejo hoje, com olhos abertos. Mas naquela época, achei o show realmente demais!
Os caras tocavam bem e podiam não estar bêbados, mas todos ficavam Bêbados ali só de ouvir, inclusive eu e o Duh Rock, não decidimos ir de última hora mas fomos de qualquer jeito, sem grana, o mínimo do mínimo nós tínhamos, ainda conseguimos tomar umas doses lá dentro e fazer de tudo pra ficar bêbado só com elas, o show em si foi legal, ninguém morreu e eu consegui ver o Duh assistindo a banda da qual ele sempre tocava alguma música no violão, era nítido o olhar dele na mão do guitarrista.
Aí, me lembro que estava um tempo de chuva, e antes de entrarmos no show, ficamos lá fora tomando um pouco de conhaque que o Duh levou em seu cantil de bolso, aliás, essa é uma tática de pobres, beber antes de entrar pra não precisar pagar caro pra caralho lá dentro. Esse Pirilampus bar ficava ao lado de um posto de gasolina, e nesse tempo que ficamos lá fora bebendo conhecemos o dono desse posto, cara, sinceramente, provavelmente eu nunca mais o veja, qual a probabilidade? E ele estava bêbado. Conversamos sobre alguma coisa mas realmente não me lembro do assunto pois logo depois apareceu um cara de moicano e se intrometeu na conversa e conversamos sobre outras coisas, principalmente sobre rock n' roll, esse cara parecia ser punk mas seila, não era, tinha umas idéias políticas estranhas, talvez o moicano abaixado (ou escondido) pelo boné fosse só estética. Mas a conversa foi longa e o dono do posto queria comprar o terreno ali do lado, o terreno onde o cara de moicano abaixado ía toda hora mijar. Mas, afinal de contas, a conversa foi longa.
E outra coisa, antes desse show, eu e o Duh Rock fomos até Asteroid bar em Sorocaba numa feira de vínil. Do show do Matanza posso até esquecer, mas o vínil do Planet Hemp que comprei com desconto lá, isso,
é inesquecível.
Escrito em 2020.
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Fotografia do autor: São Vicente, 2019.
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