Passou rápido, talvez não, uma época interessante, skate, drogas, chuvas e viagens, me lembro de como começou e como terminou, talvez não tenha sido nem um ano, seilá! O tempo exato não sei, mas foi bom.
A pista de skate de Votorantim ( Capivaraskatepark) era onde eu ia, bem dizer todos os dias, mas todos os dias mesmo! com chuva ou sem chuva, porém, até uma certa época, pois aos poucos certas pessoas foram se afastando de lá, cada um com seus motivos, e aos poucos, quase ninguém mais à frequentava como antes na minha época. Se não fosse tão preguiçoso e maconheiro teria me desenvolvido no skate nesta época, pois estava numa pista de skate mais do que estava em minha casa, mas eu era e queria apenas ser um Bon Vivant, fumava muita maconha, bebia demais, e bem dizer andava pouco de skate na pista. Quando comecei a fazer amizade com o Vitor Punk, numa terça feira se não me engano, estávamos na praça andando de skate e ele apareceu, como não tinha mais ninguém que ele conhecesse (naquele momento), chamou eu para ir fumar um baseado, fomos até o campo do Icatu, na verdade íamos na pedreira do Icatu, mas já tinha gente lá, então fomos até o campo, lá nós fumamos talvez três baseados e conversamos pra caralho sobre muitas coisas. A partir daquele dia, nós criamos algum tipo de amizade, acho que uma semana ou duas depois, o Giovane Nicotina me chamou para ir no Alphaville porque ia ter bastante gente lá andando em downhill, e eu queria aprender a andar em downhill, então eu fui com ele e o Duh rock lá, era um domingo. E foi neste dia que fiz mais amizade com o Vitor Punk, eu tava decidido à andar de downhill e ele já andava à alguns anos. Após esse dia, ele sempre me ligava chamando para ir andar, e então, conheci algumas ladeiras, e aos poucos aprendia coisas novas e perdia o medo de mandá-las mais rápido, e também, tinha dia que nem andávamos, apenas comprávamos um ou dois latões de cerveja, enchia uma garrafinha com conhaque ou pinga, e íamos à algum pico fumar maconha e beber, trocar idéia, ou apenas ficávamos bêbados na frente da adega do parque.
Nisso acabei perdendo o apetite pra ir na Capivaraskatepark, tanto por lá ta ficando cada vez mais chato, como também estava descobrindo outros ares do skate. "Garçom traz mais conhaque" é o refrão de uma música que o Vitor apresentou pra mim, essa música nós escutávamos direto em muitos lugares, até que o meu apelido acabou se tornando "Conhaque" por algum motivo nesta época. Quando íamos até o Alpha, isso era bem dizer umas três vezes por semana, eu já colocava esse som do "Camaradas Camarão" pra ouvir no foninho, me dava uma vibe bem legal! É um grupo de rap atual, até então não gostava desses "rapinhos" mas a partir deste som comecei a curtir aos poucos. Ser maconheiro é foda, pois nesta época comecei à ir na casa do Skol fumar vários baseados e tomar alguns latões, até basquete de vez em quando nós jogavámos, conheci muita gente nesta época, algumas viagens para campeonato de Downhill em outras cidades, era maconha pra caralho, e o skunk que fumamos no camp em Itapetininga, cara, a melhor briza da minha vida, nunca me senti tão bem quanto naquele dia.
Havia muitas ladeiras na qual chegávamos a andar, uma a duas quadras de casa; uma no Icatu; uma no fim do vossoroca perto da sorveteria urbana; uma no Pq. Bela Vista onde eu bati a cabeça bêbado; tinha a Paula Ney; tinha "a do campeonato" e "a do lado da pista" na vila haro; a Vietnã; o "pico", etc e etc. Fiz amizade com bastante gente do downhill, pois nesta modalidade do skate são muitas pessoas que não são apenas skate, mas também se juntam nas ladeiras pessoas do longboard, freehide, carve e etc. De vez em quando você sempre tromba um desses caras em algum lugar. Em Itapetininga fomos de carona com o Pablão, que andava de long, nesta época ele estava tentando criar uma nova tendência para o downhill que era uns pedaços de borracha nas calças na parte da bunda, pois era normal cair na ladeira e rasgar essa parte da calça, inclusive na casa do Skol eles chamavam o Vitor de "rala cu". Em Salto, fomos de carona com o Rick, que também andava de long, neste dia ele contou que no dia anterior tinha passado fumar um béck no Alpha e um rapaz o chamou e lhe deu um kit de maconheiro, pois o mesmo, sempre fumou mas estava desistindo disso e decidiu procurar alguém para dar o kit que continha muitas coisas como dichavador, tesoura, sedas, bolador e alguma outra coisa. Embora o downhill seja um skate bem punk (em outros contos falo mais sobre isso), não vou mentir, era o rap que predominava em qualquer ladeira.
Quando começamos a tomar doce para andar no Abaeté de madrugada, eu comecei a me identificar com o bowl, talvez fosse a loucura do doce e a adrenalina do skate, mas eu tava apaixonado pelo bowl! mesmo não sabendo andar direito nele. Estava disposto a aprender. Então eu e o Vitor decidimos sair um pouco da rotina do Downhill e andar mais no bowl, começamos a ir bastante no bowl da Vila Haro onde é menor e mais rápido, dá para aprender melhor. No começo íamos de busão aos domingos de manhã, eu tava começando a adorar mini ramp nesta época, era algo que nunca andava pois não havia nenhuma em Votorantim, mas então eu comecei a adorar toda essa parte do skate transição. Aí eu peguei o carro, o monza! Foi aí que começamos a ir quase todos os dias na Vila Haro andar no bowl. Algumas vezes também íamos em alguma ladeira, foi uma boa época.
Aos poucos, não andávamos mais em ladeira, era bem difícil, era mais bowl e mini ramp, o Vitor estava começando a se desenvolver muito rápido, mandando várias no bowl. Foi aí que começamos a chamar mais caras pra andar de skate com a gente, daí veio vindo a época do Lukinha Punk Satan. ah e não posso deixar de falar do "Mau mau" o Mauricio. Nesta época ele ainda tinha os dreads no cabelo, Vitor me apresentou ele num dia desta época, ele tinha voltado de São Paulo, morava no Grajau e tinha trazido uma erva muito boa de lá, nós demos um trago, lá na praça de eventos, no mesmo dia vitor disse :
- Esse é o Mau!
- Você que é o mau em pessoa ?
- Esse cara ajudou a criar o Manguaça crew!
Foi Legal.
Nesta época tava tudo legal, nada ia mal, minha vida tinha mudado bastante comparado a época da CapivaraSkatePark, minhas amizades eram outras, meus roles eram outros, eu ia mais em rolê de rap e reggae do quê punk, mas foi só uma fase, pois enjoou. O melhor foi as viagens, começando com São Miguel Arcanjo e talvez terminando em Curitiba.
Depois de eu ter passado por uma aventura ruim perante uma "Bad Trip" maldita no dia do campeonato que a Jéssicona organizou na pista de skate, eu voltei do hospital pra pista e já tinha acabado tudo e depois de uma conversa com o Dino, eu encontrei o Will Punk, eu devo ter falado que o campeonato foi legal e então ele me disse - Semana que vem tem o Rheumatic! Dai sim você vai ver oque é campeonato daora!- Estava ansioso.
Pra quem curte skate transição igual eu curto, o Rheumatic era o campeonato mais louco do Brasil, e era mesmo, eu e o Pakotinho fomos de carona com o Will, e foi um dos melhores dias da minha vida, pois nunca tinha visto nada igual, foi realmente incrível, mas nesse dia percebi também, que já estava vivenciando outra época em minha vida. Depois disso tudo, eu e o Vitor já tinha abandonado o Downhill de vez, haha! Agora era só transição, e então apareceu o Zóio para dar rolê com nóis nesta época, ele era firmeza e nos cedeu a "carona" para Curitiba, haha! E assim, essa época de rap, skate e viagens acabou, era o fim de uma fase e o início de outra,
Saudades "Garçom traz mais conhaque".
Escrito em 2017.
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Fotografias do autor.
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