É mais ou menos assim, a cidade cheira à lixo, mas é esse cheiro que te faz sentir saudade da cidade quando fica muito tempo fora dela, da movimentação econômica. Não é o movimento ou o barulho dos carros, nem aquela enorme quantidade de pessoas ao seu lado, indo e vindo,
é apenas aquele cheiro.
Uma boa parte da minha infância e pré-adolescência, eu vivi no sitio, adorava tudo aquilo, o mato, as árvores, as pessoas que te cumprimentam por igual, etc. Mas sempre que estava por lá, sentia saudades da cidade, talvez fosse saudade apenas da casa onde sempre vivi, mas, de fato, o que realmente me motivava, era aquele cheiro! Eu podia não saber disso na época,
mas era.
Se sentir bem no sitio, em meio à tal natureza, e longe do "progresso", é só uma necessidade que qualquer ser humano tem, pois somos filhos da natureza, então, é óbvio que se sentiremos bem à ela. Porém, ainda assim, existem aqueles que vivem na cidade e detestam a natureza e um lugar de paz. Essas são pessoas possuídas por aquele cheiro.
O cheiro que é tão forte! A ponto de cortar esse nosso cordão umbilical com a mãe natureza. O cheiro te prende, e você não percebe, ele puxa você, seja qual for o lugar que esteja, ele te apodrece, independente da saúde de seus órgãos.
Quando a noite chega, esse cheiro é perfumado por algumas poucas sobreviventes da natureza, que ainda permanecem na cidade. Essas guerreiras conseguem derrotar esse cheiro com seu florescimento, porém, quando a noite acaba, o cheiro volta, e o "progresso" volta à circular, e o ser humano? cada um com suas profissões, mas todas elas, com a intenção de prolongar e aumentar o cheiro.
Aos poucos, o cheiro vai invadindo e controlando.
Esse é o cheiro, que nós cuidamos. Esse é o cheiro, que fazemos evoluir, dia a dia.
Esse é o cheiro da cidade.
Escrito em 2013.
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Fotografia do autor: Sorocaba, 2014.
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